sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A Jornada da Vida

Você sabia que a única época da nossa vida em que gostamos de ficar velhos é quando somos crianças? Se você tem menos de 10 anos, está tão excitado sobre envelhecer que pensa em frações.

- Quantos anos você tem?
- Tenho quatro e meio!

Você nunca terá trinta e seis e meio. Você tem quatro e meio, indo para cinco! Este é o lance!

Quando chega à adolescência, ninguém mais o segura. Você pula para um número próximo, ou mesmo alguns à frente.

- Qual é sua idade?
- Eu vou fazer 16! - Você pode ter 13, mas (tá ligado?) "vou fazer 16, porra"!


E aí chega o maior dia da sua vida! Você completa 21! Até as palavras soam como uma cerimônia: ESTOU FAZENDO 21! Uhuuuuuuu!

Mas então você 'se torna' 30. Ooooh, que aconteceu agora? Isso faz você soar como leite estragado.

- Ele se tornou azedo. Tivemos que jogá-lo fora. Não tem mais graça agora. É apenas um bolo azedo.

O que está errado? O que mudou?

Você COMPLETA 21, você 'SE TORNA' 30, aí você está 'EMPURRANDO' 40. Putz! Pise no freio, tudo está derrapando! Antes que se dê conta, você CHEGA aos 50 e seus sonhos se foram.

Mas, espere! Você ALCANÇA os 60. Você nem achava que poderia!

Assim, você COMPLETA 21, você 'SE TORNA' 30, 'EMPURRA' os 40, CHEGA aos 50 e ALCANÇA os 60.

Você pegou tanto embalo que BATE nos 70! Depois disso, a coisa é na base do dia-a-dia:

"Estarei BATENDO aí na 4ª.. feira, talvez".

Você entra nos seus 80 e cada dia é um ciclo completo; Você bate no lanche, a noite se torna 18:30; Você alcança o horário de ir para a cama. E não termina aqui. Entrado nos 90, você começa a dar marcha à ré:

"Porra! Eu TINHA exatos 92! O que aconteceu?"

Aí acontece uma coisa estranha. Se Você passa dos 100, Você se torna criança pequena outra vez.

"Eu tenho 100 e meio!"

Que todos vocês que estão lendo cheguem a um saudável 100 e meio!

Quer saber o segredo de como permanecer jovem? Nada complicado. Livre-se de todos os números não-essenciais. Isto inclui idade, peso e altura. Deixe os médicos se preocupar com eles. É para isso que você os paga. Mantenha apenas os amigos alegres. Os ranzinzas, os que só reclamam da vida, só deprimem. Continue aprendendo. Aprenda mais sobre o computador, ofícios, jardinagem, seja o que for, até radio-amadorismo. Nunca deixe o cérebro inativo.

"Uma mente inativa é a oficina do diabo." - Trabalhe, estude! E o nome de família do diabo é ALZHEIMER.

Aprecie as coisas simples. Ria sempre, alto e bom som! Ria até perder o fôlego. Brinque, conte piada, reuna os amigos e familiares, os bem humorados. Lágrimas fazem parte. Suporte, queixe-se e vá adiante. As únicas pessoas que estão conosco a vida inteira somos nós mesmos. Mostre estar vivo enquanto estiver vivo. Cerque-se daquilo que ama, seja família, animais de estimação, coleções, música, plantas, hobbies, seja o que for. Seu lar é seu refúgio. Cuide da sua saúde: se estiver boa, preserve-a. Se estiver instável, melhore-a. Se estiver além do que você possa fazer, peça ajuda. Não se perca em suas culpas. Faça uma viagem ao shopping, até o município mais próximo ou a um país no exterior, mas não para onde você tiver enterrado as suas culpas. Diga às pessoas a quem você ama que você as ama, a cada oportunidade. E lembre-se sempre:

A vida não é medida pela quantidade de vezes que respiramos, mas pelos momentos que nos tiram a respiração.

A jornada da vida não é para se chegar ao túmulo em segurança em um corpo bem preservado, mas sim para se escorregar para dentro meio de lado, totalmente gasto, berrando: " PORRA! QUE VIAGEM FANTÁSTICA!"

domingo, 18 de setembro de 2011

Drogas

Antes de tudo vamos deixar claro algumas coisas por aqui. Eu não bebo e nem uso drogas... não mais... Mas teve um tempo que eu costumava usá-las e parei. Só que, muitos podem achar estranho esse meu texto, mas espero deixar claro o que quero passar.

Eu não tenho absolutamente nada contra as drogas. Nada. É meio estranho isso, não é? Eu costumava usar drogas, parei e agora não tenho nada contra elas. Provavelmente você nunca ouviu isso e deve estar perguntando agora:

UAU! NUNCA OUVI ISSO! CONTA MAIS!

Okay... Eu sei que essa idéia não é muito popular e não se ouve com muita frequência, mas é a verdade:

Eu já usei drogas antes e eu me divertia pra caramba.

Me desculpem. Não matei ninguém, não roubei ninguém, não estuprei ninguém, não atropelei ninguém, não espanquei ninguém, não perdi emprego nenhum por isso, ri pra caramba, me diverti pra caramba e continuei com minha vida. Me desculpem novamente.

Os americanos poderiam me convidar para uma campanha publicitária ao invés de enfiar na tela de uma TV aqueles descerebrados viciados em esteróides do basebol a fazer um comercial comigo dizendo isso.

Dou destaque aquele clássico comercial anti-drogas onde uma mulher segura uma frigideira com um ovo dentro dizendo que aquilo é seu cérebro. Acho este comercial um tanto insultante à minha inteligência. Eu já vi vários efeitos causados pelas drogas, mas eu nunca, nunca, nunca olhei para um ovo e pensei que fosse a porra de um cérebro. Eu já vi OVNIS cortarem o céu, 7 esferas de luz saírem dele, me conduzirem a nave, explicarem para mim telepáticamente que todos somos UM e que a morte é inexistente, mas nunca olhei para um ovo e pensei que fosse a porra de um cérebro. Talvez eu não estivesse usando o "bagulho" dos bons.

Vou ser sincero, como de costume, o que eu odeio e não suporto sobre essa guerra contra as drogas são esse programas de televisão que criticam todas as drogas enviando dizeres de "diga não as drogas", mas quando chega no comercial dos patrocinadores as bebidas alcólicas estão lá na maior cara de pau.

"Vamos lá, cambada de babacas hipócritas! Está tudo bem em beber esta droga. Você não pode usar aquelas que não cobramos impostos! Essas drogas que fazem mal para você. Nicotina, alcool. Essas vocês podem usá-las à vontade, que por coincidência, drogas que cobramos impostos!"



Sinceramente, se fosse para eu legalizar algumas drogas, com certeza o alcool não seria um a delas. Existem muito mais drogas melhores que fazem melhor do que o alcool. Isso é um FATO. Pode parar com seu diálogo interno:

"Mas, Danilo... o alcool é uma parte aceitável..." Cala a porra da sua boca. Você está errrado, tá legal?

Eu não acho que a maconha deveria ser legalizada. Eu acho que a maconha deveria ser obrigatória. Imagine você no trânsito atrás de alguém buzinando feito louco. Chega um policial e diz:

- Fica quietinho e fume uma maconha. É a lei.
-*Fumando* Opa... desculpa. Eu estava levando a vida a sério... E aí? Tá com fome?


Seria um mundo muito mais bacana, tranquilo e cheio de pessoas rindo e famintas o tempo inteiro.

Maconha é uma droga superior ao alcool. Isso é fato e vou provar agora. Você está em um show ou algum jogo de futebol e tem um cara bem violento, agressivo e ofensivo. Essa pessoa está sob o efeito do alcool ou da maconha? Alcool, com certeza.

Eu nunca vi pessoas chapadas de maconha brigando porque é fisicamente impossível.

- A aee, mano!
- E ae o quê?
- E ae?
- E ae.

Fim da discussão.

Suponha que você está chapado de maconha e sofra um acidente de carro. Que diferença faz? Você só estava andando a 20 km/h!

Eu não estou promovendo as drogas. Só estou dizendo que tive bons momentos com os efeitos delas e essa é a verdade. Mas eu já tive momentos ruins sob o efeitos delas também. Só que eu tive bons e maus momentos em relacionamentos com mulheres, mas nunca desisti da buceta.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

É só uma voltinha

A vida é como um passeio em um parque de diversões. Quando entramos nele pensamos que é real porque esse é o quão poderosa nossa mente é.

E o passeio sobe, desce e vai voltar. Tëm emoções fortes, felizes, tristes, é brilhante e colorida. Há muito barulho e divertido por uns momentos.
Alguns pessoas já estão nesse passeio há algum tempo e começam a questionar:

- Isso tudo é real ou isto é apenas uma viagem?

E algumas pessoas se dão conta e lembram-se, viram para nós e dizem:

- Hey, não se preocupe, não tenha medo. Porque tudo isso é só uma voltinha.

E o que nós fazemos? Matamos estas pessoas.

"Calem a boca dele! Eu investi muito nesta viagem, calem-o! Olhem pra minha cara de preocupado! Olhem para minha conta bancária e minha família! Isso tem que ser real!"

É só uma voltinha.

Mas sempre matamos essas pessoas que tentam nos dizer isso e as entregamos para os selvagens. Já repararam?
Mas não importa porque é só uma voltinha e podemos mudá-la sempre que quisermos. É apenas uma escolha. Nem esforço, nem emprego, nem profissão, nem poupança, nem dinheiro. Só uma escolha. Bem aqui e agora mesmo. Entre o medo e o amor.

Os olhos do medo querem que você compre fechaduras maiores, armas e trancafia-se. Enquanto os olhos do amor nos vêem como um só.

Eis o que nós poderiamos fazer para mudar o mundo nesse exato momento em uma viagem melhor:

Pegar todo aquele dinheiro que gastamos com armas todo o ano e utilizarmos para alimentar, vestir e educar os pobres no mundo inteiro, que vale muito mais a pena, sem que ninguém seja excluído. Se fizermos isso nós exploraremos o espaço um dia juntos. Tanto o interior quanto o exterior. Para sempre. Em paz.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Moralidade - Se não existe Deus, por que ser bom?

Quando uma pessoa religiosa dirige-se a mim perguntando "Se não existe Deus, por que ser bom?" (e muitas fazem isso), minha tentação imediata é lançar o seguinte desafio:

- Você realmente quer me dizer que o único motivo para você tentar ser bom é para obter a aprovação e a recompensa de Deus, ou para evitar a desaprovação dele e a punição? Isso não é moralidade, é só bajulação, puxação de saco, estar peocupado com a grande câmera de vigilância dos céus, ou com o pequeno grampo de dentro da sua cabeça que monitora cada movimento seu, até seus pensamentos mais ordinários.

Como disse Einstein:

"Se as pessoas são boas só porque temem a punição, e esperam a recompensa, então nós somos mesmo uns pobres coitados".

Michael Shermer, em A ciência do bem e do mau, acha que a pergunta encerra o debate:

"Se você acha que, na ausência de Deus, cometeria roubos, estupros e assassinatos, revela-se uma pessoa imoral, e faríamos bem em nos manter bem longe de você. Se, por outro lado, você admite que continuaria sendo uma boa pessoa mesmo quando não estiver sob a vigilância divina, você destruiu fatalmente a alegação de que Deus é necessário para que sejamos bons."

Suspeito que boa parte das pessoas religiosas realmente ache que a religião é o que as motiva a serem boas, especialmente se elas pertencem a uma daquelas crenças que exploram sistematicamente a culpa pessoal.

A mim me parece que é preciso uma dose muito baixa de autoestima para achar que, se a crença em Deus desaparecesse repentinamente do mundo, todos nós nos tornaríamos hedonistas insensíveis e egoístas, sem nenhuma bondade, caridade, generosidade, nada que mereça o nome de bondade. Acredita-se que Dostoievski fosse dessa opinião, supostamente devido a algumas declarações que ele colocou na boca de Ivan Karamazov:

"[Ivan] observou com solenidade que não existia absolutamente nenhuma lei da natureza que fizesse o homem amar a humanidade, e que, se o amor realmente existia e havia existido no mundo até então, não era por causa da lei natural, mas só porque o homem acreditava em sua própria imortalidade. Ele acrescentou, num adendo, que era exatamente aquilo que constituía a lei natural, ou seja, que uma vez que a fé do homem em sua própria imortalidade fosse destruída, não seria só sua capacidade para o amor que se esgotaria, mas também as forças vitais que sustentam a vida neste planeta. Além do mais, nada seria imoral, tudo seria permitido, até a antropofagia. E, por fim, como se tudo isso não bastasse, ele declarou que para cada pessoa, como eu e você, por exemplo, que não acredita nem em Deus nem em sua própria imortalidade, a lei natural está destinada a transformar-se imediatamente no exato contrário da lei baseada na religião que a precedia, e que o egoísmo, mesmo levando à perpetração de crimes, não seria somente per-missível, mas seria reconhecido como a raison d'être essencial, mais racional e mais nobre da condição humana."

Talvez por ingenuidade tendi para uma visão menos cínica da natureza humana que a de Ivan Karamazov. Será que realmente precisamos de policiamento, seja feito por Deus ou por nós mesmos, para que não nos comportemos de modo egoísta e criminoso? Quero muito acreditar que não preciso dessa vigilância, nem você, caro leitor. Por outro lado, só para enfraquecer nossa convicção, leia a experiência sobre a desilusão de Steven Pinker numa greve policial em Montreal, descrita por ele em Tabula rasa:

"Quando eu era adolescente, no orgulhosamente pacífico Canadá, durante os românticos anos 1960, era um defensor fiel da anarquia de Bakunin. Ria do argumento de meus pais de que se o governo entregasse as armas o caos tomaria conta de tudo. Nossas previsões concorrentes foram postas à prova às oito horas da manhã do dia 17 de outubro de 1969, quando a polícia de Montreal entrou em greve. Às onze e vinte, o primeiro banco tinha sido roubado. Ao meio-dia a maioria das lojas do centro da cidade havia fechado as portas por causa dos saques. Algumas horas depois, taxistas incendiaram a garagem de um serviço de aluguel de limusines que concorria com eles por passageiros do aeroporto, um atirador assassinou um policial da província, baderneiros invadiram hotéis e restaurantes e um médico matou um ladrão em sua casa, no subúrbio. No fim do dia, seis bancos haviam sido assaltados, cem lojas haviam sido, saqueadas, doze incêndios haviam sido provocados, quilos e quilos de vidros de vitrines haviam sido quebrados e 3 milhões de dólares em prejuízos haviam sido registrados, até que as autoridades da cidade tiveram que chamar o Exército e, é claro, a polícia montada para restabelecer a ordem. Esse teste empírico decisivo deixou minha política em frangalhos."

Talvez eu também seja uma Poliana por acreditar que as pessoas permaneceriam boas se não fossem observadas nem policiadas por Deus. Por outro lado, a maioria da população de Montreal supostamente acreditava em Deus. Por que o medo de Deus não as conteve quando os policiais terrenos foram temporariamente tirados de cena? A greve de Montreal não foi uma ótima experiência natural para testar a hipótese de que a crença em Deus nos torna bons? Ou talvez o sarcástico H. L. Mencken tivesse razão quando disse:

"As pessoas dizem que precisamos de religião, mas o que elas realmente querem dizer é que precisamos de polícia."

É óbvio que não foi todo mundo em Montreal que se comportou mal quando a polícia saiu de cena. Seria interessante saber se houve alguma tendência estatística, por mais leve que fosse, para que os crentes na religião tenham saqueado e depredado menos que os descrentes. Minha previsão desinformada seria a do contrário. Muitas vezes se diz, cinicamente, que não há ateus nas trincheiras. Estou inclinado a desconfiar (com base em alguma evidência, embora possa ser simplista tirar conclusões delas) que haja bem poucos ateus nas prisões. Não estou necessariamente afirmando que o ateísmo aumenta a moralidade, embora o humanismo, o sistema ético que freqüentemente acompanha o ateísmo, provavelmente o faça. Outra boa possibilidade é que o ateísmo esteja correlacionado com algum terceiro fator, como um nível maior de instrução, inteligência ou ponderação, que pode contrabalançar impulsos criminosos. As evidências existentes retiradas de pesquisas certamente não sustentam a idéia comum de que a religiosidade está diretamente relacionada à moralidade. Evidências correlacionais nunca são conclusivas, mas os dados seguintes, descritos por Sam Harris em seu livro Carta a uma nação cristã, são de qualquer forma impressionantes:

"Embora a filiação partidária nos Estados Unidos não seja um indicador perfeito da religiosidade, não é segredo que os "estados vermelhos [republicanos]" são vermelhos principalmente devido à enorme influência política dos cristãos conservadores. Se hou-vesse uma forte correlação entre o conservadorismo cristão e a saúde da sociedade, era de esperar que víssemos algum sinal dela nos estados vermelhos. Não vemos. Das 55 cidades com as taxas mais baixas de crimes violentos, 62% estão nos estados "azuis" [democratas] e 38% estão nos estados "vermelhos" [republicanos]. Das 25 cidades mais perigosas, 76% ficam nos estados vermelhos, e 24% nos estados azuis. Aliás, três das cinco cidades mais perigosas dos Estados Unidos ficam no devoto estado do Texas. Os doze estados com taxas mais elevadas de arrombamentos são vermelhos. Vinte e quatro dos 29 estados com as mais elevadas taxas de assalto são vermelhos. Dos 22 estados com as maiores taxas de assassinato, dezessete são vermelhos."

Pesquisas sistemáticas tendem a sustentar esses dados correlacionais. Gregory S. Paul, no Journal of Religion and Society (2005), comparou dezessete nações economicamente desenvolvidas e chegou à devastadora conclusão de que "taxas mais altas de crença num criador e de culto a ele se correlacionam com taxas mais altas de homicídio, mortalidade juvenil e precoce, taxas de infecção por doenças sexualmente transmissíveis, gravidez na adolescência e aborto nas democracias prósperas". Dan Dennett, em Quebrando o encanto, faz comentários sardônicos sobre esses estudos em geral:

"Inútil dizer que esses resultados abalam tão fortemente as alegações-padrão de que há uma virtude moral maior entre os religiosos que até surgiu uma onda considerável de pesquisas adicionais iniciadas por organizações religiosas que tentam refutá-las [...] uma coisa de que podemos ter certeza é que, se houver um relacionamento positivo e significativo entre o comportamento moral e a filiação, a prática ou a crença religiosa, ele logo será descoberto, já que tantas organizações religiosas estão tão ansiosas para confirmar cientificamente suas convicções tradicionais sobre a questão. (Elas estão bastante impressionadas com o poder da ciência para detectar a verdade quando ela apoia aquilo em que já acreditam.) Cada mês que passa sem que apareça essa demonstração reforça a suspeita de que as coisas simplesmente não são assim."

A maioria das pessoas sensatas concorda que a moralidade na ausência de policiamento é mais verdadeiramente moral que o tipo de falsa moralidade que desaparece assim que a polícia entra em greve ou que a câmera de vigilância é desligada, seja a câmera de verdade, monitorada na delegacia, ou uma câmera imaginária no céu. Mas talvez seja injusto interpretar a pergunta "Se não há Deus, por que se dar ao trabalho de ser bom?" de modo tão cínico. Um pensador religioso poderia oferecer uma interpretação mais genuinamente moral, na linha da seguinte declaração de um apologista imaginário.

"Se você não acredita em Deus, não acredita que existem padrões absolutos de moralidade. Com a maior boa vontade do mundo, você pode até querer ser uma boa pessoa, mas corno vai decidir o que é bom e o que é ruim? Só a religião pode fornecer definitivamente os padrões de bem e mal. Sem a religião você precisará construí-los. Isso seria a moralidade sem normas: uma moralidade a olho. Se a moralidade não é nada mais que uma questão de opção, Hitler poderia alegar estar sendo moral por seus próprios padrões inspirados na eugenia, e tudo o que o ateu pode fazer é ter uma escolha pessoal e viver sob uma orientação diferente. O cristão, o judeu ou o muçulmano, pelo contrário, podem afirmar que o mal tem um sentido absoluto, que vale para todos os tempos e todos os luga-res, segundo o qual Hitler era completamente mau."

Mesmo que fosse verdade que precisamos de Deus para ser bons, isso obviamente não tornaria a existência de Deus mais provável, apenas mais desejável (muita gente não consegue enxergar a diferença). Mas não é disso que se trata aqui. Meu apologista imaginário da religião não precisa admitir que puxar o saco de Deus é a motivação religiosa para fazer o bem. A alegação dele é que, venha de onde vier a motivação para fazer o bem, sem Deus não haveria padrão para decidir o que é o bem. Cada um de nós criaria nossa própria definição de bem e agiria de acordo com ela. Princípios morais que se baseiam somente na religião (em oposição, por exemplo, à "regra de ouro", que normalmente é associada à religião mas que pode ter outra origem) podem ser chamados de absolutistas. Bem é bem e mal é mal, e não vamos ficar decidindo casos isolados, por exemplo, pelo fato de alguém sofrer ou não. Meu apologista da religião defenderia que só a religião pode fornecer a base para que se decida o que é o bem.

Alguns filósofos, notadamente Kant, tentaram tirar morais absolutas de fontes não religiosas. Embora fosse religioso, como era quase inevitável naquela época, Kant tentou basear a moralidade no dever pelo dever, e não em nome de Deus. Seu famoso imperativo categórico convoca-nos a "agir somente segundo a máxima tal que possamos ao mesmo tempo querer que se torne lei universal". Isso funciona direitinho para o exemplo de mentir.

Imagine um mundo em que as pessoas mintam por princípio, onde a mentira seja considerada uma coisa boa e moral. Num mundo assim, mentir deixaria de fazer sentido. Mentir precisa por definição da pressuposição da verdade. Se um princípio moral é algo que devemos desejar que todos sigam, mentir não pode ser um princípio moral, porque o próprio princípio desmorona-ria, sem sentido. Mentir, como norma de vida, é inerentemente instável. Em termos mais gerais, o egoísmo, ou o parasitismo explorador da boa vontade dos outros, pode funcionar para mim, um indivíduo egoísta isolado, e me dar satisfação pessoal. Mas não posso desejar que todo mundo adote o parasitismo egoísta como princípio moral, no mínimo porque senão eu não teria ninguém para explorar.

O imperativo kantiano parece funcionar para o dizer a verdade e para alguns outros casos. Não é tão fácil assim ampliá-lo para a moralidade em geral. Apesar de Kant, é tentador concordar com meu apologista hipotético que morais absolutistas costumam ser motivadas pela religião.

É sempre errado tirar uma paciente terminal de seu sofrimento a pedido dela própria? É sempre errado fazer amor com um integrante de seu próprio sexo? É sempre errado matar um embrião?

Há quem ache que sim, e suas bases são absolutas. Eles não toleram argumentação nem debate. Qualquer um que discorde merece ser morto: metaforicamente, é claro, não literalmente, exceto no caso de alguns médicos de clínicas de aborto americanas. Felizmente, no entanto, as morais não têm de ser absolutas.

Nem todo absolutismo deriva da religião. De qualquer maneira, é muito difícil defender morais absolutistas em outras bases que não as religiosas. O único concorrente em que consigo pensar é o patriotismo, especialmente em tempos de guerra. Como disse o destacado cineasta espanhol Luis Buñuel:

"Deus e a Pátria são um time imbatível; eles quebram todos os recordes de opressão e derramamento de sangue". 

Os oficiais que trabalham no recrutamento apelam fortemente ao senso de dever patriótico de suas vítimas. Na Primeira Guerra Mundial, as mulheres entregavam plumas brancas para jovens que não estivessem fardados.

As pessoas ignoravam as objeções conscienciosas, mesmo as do país inimigo, porque o patriotismo era tido como uma virtude absoluta. É difícil ser mais absoluto que o "Meu país, certo ou errado" do soldado profissional, pois o slogan faz com que você se comprometa a matar quem quer que os políticos de algum tempo futuro resolvam chamar de inimigos. O raciocínio conse-qüencialista pode influenciar a decisão política de ir à guerra, mas, uma vez declarada a guerra, o patriotismo absoluto toma conta com uma força que não se vê fora da religião. Um soldado que permitir que suas idéias de moralidade conseqüencialista o convençam a não partir para o ataque tem grande probabilidade de enfrentar a corte marcial ou até de ser executado.

O ponto de partida para esta discussão sobre filosofia moral foi uma afirmação religiosa hipotética de que, sem um Deus, as morais são relativas e arbitrárias. Deixando de lado Kant e outros filósofos morais sofisticados, e dando o devido reconhecimento ao fervor patriótico, a fonte preferida da moralidade absoluta é normalmente algum tipo de livro sagrado, interpretado como detentor de uma autoridade que supera em muito sua capacidade histórica de justificá-la. Na realidade, os adeptos da autoridade das Escrituras demonstram uma curiosidade perturbadoramente pequena sobre as origens históricas (comumente duvidosas) de seus livros sagrados. Vou me dedicar um tempo para analisar as Escrituras e, futuramente, demonstrarei e postarei aqui que, as pessoas que afirmam retirar sua moral deste, na prática não fazem isso de verdade. O que é muito bom, como concordarão se pensarem bem.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Brinquedo de Jesus


Depois dizem que com Religião não se brinca.

O bom desse brinquedo é que se o seu filho o quebrar, em 3 dias ele se conserta sozinho.

Segundo a embalagem o boneco é " totalmente articulado", ou seja, não é como aqueles bonecos que você compra e ficam pregadões, sem se moverem.

A embalagem ainda diz: "Ouça Jesus Falar". Certamente ele ensina os mandamentos de Deus como: "Não farás pra ti imagem alguma do que está nos céus.." ou então "Vinde a mim as criancinhas... por apenas R$ 49,90!"

Sim. Jesus, o Filho de Deus custa R$ 49,90! O que comprova que Judas nunca foi um bom judeu, pois o vendeu por apenas 30 moedas.

E enquanto a Mattel cobra R$ 70,00 no Max Stell, um boneco que precisa de uma lancha de R$ 40,00 pra fazer uma operação oceânica, a Tales of Glory (fabricante de Jesus) cobra apenas R$ 49,90 num boneco que não precisa de acessório nenhum pra caminhar sobre as águas. Pense nisso na hora de presentear.

Falando no preço do brinquedo ainda, não sei quanto custa os outros apóstolos da coleção, mas o boneco de seu arqui-inimigo com certeza está 16,70 mais caro que Jesus, o Filho de Deus. Faça as contas agora na calculadora do Windows e veja o resultado.

Mas eu ainda acho que o Falcon e os Comandos em Ação são brinquedos mais cristãos que esse aí. Eles sim são verdadeiras réplicas dos cristãos que conhecemos: fazem guerras, atiram... essas coisas...

quinta-feira, 21 de julho de 2011

1 Banquinho pra 3


Ae, manolos.

Quero convidá-los para assistir o espetáculo "1 Banquinho pra 3" no Teatro Shopping Frei Caneta, terça-feira (26/07) às 21h30 com apresentação do Marcelo Tas, Rafinha Bastos e Marco Luque.

Convidados especiais: Serginho Groisman, Robson Rubens, Fernandinho BeatBox e muito mais, incluindo eu que também estarei lá falando merda.

Toda renda arrecardada será encaminhada para a Casa do Zezinho.
Os atores, comediantes, produtores e colaboradores doaram seus cachês à esta instituição que transforma a vida de mais de 2 mil crianças de baixa renda na periferia de São Paulo.

Todos nós agradecemos, em especial, ao Teatro Shopping Frei Caneca, que cedeu o espaço para que pudéssemos apresentar este espetáculo único e imperdível.

Apareçam. \o/

sábado, 16 de julho de 2011

Piada de mau-gosto

Uns anos atrás os Simpsons vieram pro Brasil. Homer foi sequestrado. Bart ficou excitado com a loira de shorts enfiado na bunda que apresentava um programa infantil na TV. O menino pobre que a Lisa ajudou não tinha o que comer mas estava muito feliz desfilando no Carnaval.

Robin Willians falou um tempo atrás:

- Claro que o Rio ganhou de Chicago a sede das Olimpíadas. Chicago levou Michele e Oprah e o Rio levou 50 strippers e 500g de cocaína.

Eu ri!

Advogados, autoridades e populares manifestaram suas revoltas nos dois casos. Eles não se revoltam, não se mobilizam, não processam, não abrem inquéritos, não fazem passeatas quando o sequestro, a loira vagabunda apresentadora de programa infantil, a idiotice do carnaval, o tráfico de drogas e a prostituição acontece na vida real bem debaixo dos nossos narizes. Eles se revoltam só quando usam isso pra fazer piada.

A piada realmente boa sempre ofende alguns e mata de rir outros por um motivo simples: A boa piada sempre fala de uma verdade. Num País onde aprendemos a mentir, enganar, roubar, tirar vantagem desde cedo a verdade não diverte. Assusta. O cara engraçado pro brasileiro é sempre aquele que fala bordões manjados, dá cambolhatas no chão em altas trapalhadas, conta piadas velhas, imita o Silvio Santos ou faz um trocadilho bobo mostrando ser um ignorante acerca dos assuntos. Esses bobos passivos nos deliciam porque não incomodam ninguém! Ao contrário! Demonstram ser verdadeiros tolos, dando a nós, um povo de baixa estima, a sensação que somos superiores a eles. Adoramos isso! Odiamos mesmo o cara que faz um gracejo com uma verdade inconveniente. Pro brasileiro isso é como o alho pro vampiro. Esse cara merece ser execrado. Brasileiro odeia a verdade.

O brasileiro é uma gorda de 300 kilos que odeia ouvir que é gorda. Ela faz um regime pra parar de ouvir isso? Não! Regime e exercicio dá muito trabalho. É mais fácil ir no shopping, comprar roupa de gente magra, vestir e depois acomodar a bunda na cadeira do Mc Donalds. O problema é que nem todo mundo é obrigado a engolir que aquela fábrica de manteiga é a Barbie só porque está com a roupa da Gisele Bundchen. Então é inevitável que mais hora menos hora alguém da multidão grite:

- Volta pro circo! - Ou:

- Minha nossa! É tão gorda que a Endoscopia dela vai ter que ser uma produção de Steven Spielberg!.

Então a gorda chora. Se revolta. Faz manha. Ameaça. Processa. Porque, embora ela tentou se vestir como
uma magra, no fundo a piada a fez lembrar que ela é mais gorda que a conta bancária do Bill Gates. A auto-estima dela tem a profundidade de um pires cheio de água.

Ao invés de dizer que Robin Willians tem dor de corno, o prefeito do Rio devia primeiro cuidar da sua dor de mulher de malandro. Sabe. mulher de malandro sim, aquela que apanha, apanha, apanha mas engole os dentes e o choro porque acha que engana a vizinha dizendo:

- Eu tenho o melhor marido do mundo.

Advogados que já são alvos de piadas por outros motivos, deveriam evitar pegar um caso onde se processa um humorista por uma piada. Na verdade, no caso do Robin Willians, ao invés de processo, deveriam enviar pra ele uma carta de gratidão. Pense que ele estava num dos melhores programas de TV e só falou de puta e cocaína. Ele poderia ter falado, por exemplo, que o turista que vier pra Olimpiadas, se não for roubado pelo taxista, será no calçadão. Poderia também ter dito que o governo e a polícia brasileira lucram com aquela cocaíca do morro carioca que ele usou na piada. E se ele resolvesse falar algo como:

- As crianças do Brasil não assistirão as Olimpíadas porque estarão ocupadas demais se prostituindo.

Ahh, e se ele resolvesse lançar mais uma piada do tipo:

- Brasileiro é tão estúpido que se preocupa com o que um comediante diz, mas não se preocupa no que o político que ele vota faz?

Muitas são as piadas que poderiam ter sido feitas. Quem é imbecil o suficiente para se incomodar com piada, não seja injusto e agradeça Robin Willians porque ele só fez aquela.

E depois brasileiro se acha no direito de fazer piada dizendo que o português é que é burro.