segunda-feira, 9 de maio de 2011

Igualdade nas Olimpíadas

Mais um texto do jornal da escola escrito em 2004 na época das Olim-piadas. \o/
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Segundo o marketing olímpico, as Olímpiadas servem para "promover a paz e a fraternidade entre os países, provando que todos são iguais".

Não entendo como uma competição pode ser capaz de promover a paz. A filosofia da competição é: um vence o outro perde. Isso lembra muito mais a guerra do que a paz.

Também não dá pra engolir que um maratonista que come mandioca crua na Somália seja igual ao atleta americano que come cápsulas concentradas tecnológicas de pé-de-vento.

- Vamos participar dessa prova olímpica de corrida para promover a paz e fraternidade entre nós, okay?
- Okay.
- 1,2,3 e... JÁ!
- Estou na frente!
- Volta aqui, filho da puta! O ouro é meu, desgraçado!
- Nem fudendo! Eu que vou ganhar essa merda e provar que sou melhor que todos dessa bosta aqui! Pra isso eu treinei 4 anos!
- Treinou nada. Usou dopping!
- É! Mata ele!

Fora promover a paz entre a humanidade, como já foi dito, um dos principais objetivos das Olímpiadas é provar que, somos todos iguais.

Hitler sempre achou que a raça ariana era superior as outras. Pois foi em Berlim que os negros provaram pra Hitler que ele estava enganado. Na verdade Hittler estava certo. Existe uma raça (ou melhor, etnia) superior. Mas não são os branquelos.
No esporte, os negros são superiores. Se tem uma pista de corrida com 5 brancos e 1 negro, tenha certeza... é o negro que ganha. Agora se tiverem dois negros, um da África e outro dos USA, aí a vitória fica pro Negro americano. Isso que é igualdade olímpica!

Se tiver uma boa ótica, pode analisar o mundo que vive através do placar olímpico. Ele serve como um "gráfico", onde pode-se visualizar a atual situação política do mundo. Perceba:

1) USA sempre no topo, comandando tudo.
2) O Japão e a Europa em boas posições. Não passam vergonha.
3) China crescendo no placar.
4) Cuba pentelhando, não dando o braço a torcer.
5) O Brasil entre os últimos, lado a lado com países miseráveis, achando que é grande coisa só porque ganhou 1 medalha de bronze.

Pior ainda que o vexame olímpico, é escutar a imprensa anunciando nossos atletas como vencedores. Eles são desclassificados, não ganham medalhas, e são eliminados na primeira rodada. Mas são motivos de orgulho. Verdadeiros heróis. E sempre estão quebrando algum recorde que o Jornal Nacional inventa!
No dia 14 de Agosto por exemplo, eu vi a chamada do Jornal Nacional:

- Nadadora brasileira quebra recorde em Olímpiadas!

Fiquei curioso e assisti o Jornal. Na verdade, a nadadora foi eliminada na primeira rodada, e o recorde que ela quebrou, segundo os jornalistas, foi o seguinte:

- A Nadadora não-sei-que-lá do nordeste, quebrou o record de ser a primeira brasileira, com 17 anos, 1,67 de altura, a nadar em uma Olimpíadas às 15h03 do dia 16/08 em 2004.

Domingo, após a equipe de ginástica ser eliminada, o comentarista da TV disse:

- Conseguimos uma excelente classificaçao na Ginástica olimpica.

Só no Brasil que ficar entre os últimos colocados e ser eliminado na primeira rodada é uma excelente classificação. Talvez seja por isso que os brasileiros acham que o Brasil é um excelente país para se morar, pois estamos classificados entre os últimos na listagem de ONU de qualidade de vida.

As desculpas dos brasileiros desclassificados são sempre as mesmas:

- Fizemos muito de chegar lá... só queriamos ir pra lá mesmo... Isso já é vitória!
- Poxa.. aqui não tem apoio aos esportes... mas chegamos lá, é o que importa!

Em Seul não me lembro de nenhum ucraniano dizer:

- Poxa..meu país está na miséria e em guerra...chegar aqui já é uma vitória!

Mas me lembro de muitos ucranianos no primeiro lugar do pódium, com suas medalhas de ouro.

Agora que terminei o texto já posso comemorar meu novo recorde mundial: Fui o primeiro brasileiro, que se chama Danilo, a escrever um texto sobre Olímpiadas às 15h40 do dia 17/08/04 com o cabelo despenteado durante a aula chata de Português.

Tudo bem que não ganhei nada com isso. Mas nossos atletas também não ganham nada e são heróis do Jornal Nacional.

Será que um dia vou ser herói por não ganhar nada?

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